Márcio Santos, Diretor de Profinet da PI Brasil e Consultor Técnico da Siemens Ltda.
Muito se fala sobre Industry 4.0 atualmente. Palestras, grupos de trabalho e workshops sobre o tema pipocam aos montes nos eventos técnicos industriais, seja no Brasil, seja mundo afora. Muito se discute sobre como os produtos e as tecnologias atuais irão convergir para os conceitos desafiadores preconizados pelo Industry 4.0. Enquanto muitas discussões ainda estão nos níveis conceituais, o protocolo Profinet, que é considerado como o Backbone do Industry 4.0, teve a oportunidade de mais uma vez ser colocado à prova. Dessa vez em terras brasileiras.
Entre os dias 03 a 07 de maio, os visitantes da FEIMEC 2016 tiveram a oportunidade de ver ao vivo uma célula de manufatura avançada em pleno funcionamento. Essa célula de manufatura, uma iniciativa da ABIMAQ e seus associados, permitia a fabricação de suportes de mesa para celulares e canetas. O visitante da feira podia customizar diversos itens de fabricação conforme o seu gosto, incluindo o tamanho do suporte, uma vez que um sistema de escaneamento a laser executava a medição dimensional do celular do visitante, de forma que o suporte fabricado pode ser considerado como uma peça única – individualização de produtos fabricados em massa, uma das premissas do Industry 4.0.
Todas as informações necessárias à fabricação customizada do suporte eram enviadas para uma plataforma de software integrada, Digital Enterprise, a qual permitia a visualização dos processos de fabricação antes mesmo do start físico inicial. Através da virtualização do processo de fabricação, inclusive com a possibilidade de Digital Twin e da integração do processo fabril com as ferramentas de gestão de produção MES/MOM, o visitante podia acompanhar todas as etapas de fabricação, desde o design do produto até a entrega final, realizada por robôs colaborativos. Através de sistemas RFID, instalados ao longo da célula de manufatura, era possível identificar e acompanhar quais suportes estavam sendo fabricados e a localização dos mesmos na célula em tempo real.
Após o envio da ordem de produção a partir do ambiente de gestão MES/MOM, entrava em ação o sistema de automação composto por Sistemas SCADA, IHM, Controladores Lógicos Programáveis, I/O remotos, Robôs tradicionais e Colaborativos, Sistemas RFID, Centro de Usinagem de 5 eixos, Inversores de Frequência, Sistemas de Segurança Pessoal e Funcional (em atendimento à NR-12), Sistemas de Segurança Cibernéticos (em atendimento à ISA-99/IEC-62443), Sistemas de Metrologia Autônomos, e muitos outros.
Interligando todos esses componentes através de uma única rede, em alguns momentos cabeadas e em outros através de WiFi, estava presente e funcionando a todo vapor o protocolo Profinet, comprovando na prática seu papel precursor como o verdadeiro Backbone do Industry 4.0. Ressalta-se que não houve a necessidade de separar fisicamente o trafego de dados dos equipamentos de campo ou provenientes dos sistemas de gestão e virtualização da produção, o que só comprova que o protocolo Profinet convive normalmente com diversos equipamentos e sistemas, independente do nível aplicado, seja no chão de fábrica, seja com os sistemas corporativos.
Se outras discussões referentes ao Industry 4.0 ainda estão em curso, o protocolo Profinet está provando cada vez mais que a autodenominação de Backbone do Industry 4.0 não é apenas um termo de marketing, mas sim um conceito real e comprovado.
Algumas das empresas que participaram do projeto de Manufatura Avançada da ABIMAQ também fazem parte do quadro da Associação Profibus & Profinet Brasil e, certamente, irão criar cases sobre esse projeto tão desafiador. Aguarde por mais informações e palestras.
Acompanhe nas fotos a célula de manufatura avançada em funcionamento durante a FEIMEC promovida pela ABIMAQ.